24/05/2014

Mais um momento de reflexão

Ontem fui ao Teatro Ribeiragrandense assistir ao debate organizado pelo Núcleo de Estudantes de Estudos Europeus e Política Internacional da Universidade dos Açores, com os candidatos açorianos às eleições de amanhã. Fui, não por ter dúvidas, mas porque queria comprovar certezas.
O debate moderado pelo jornalista Rui Goulart da RTP-A, teve como candidatos presentes a Dra. Sofia Ribeiro pela "Aliança Portugal" - PSD/CDS; o Jornalista Manuel Moniz pelo MPT; o Dr. Paulo Casaca pelo PDA; o Prof. Dr. Ricardo Serrão Santos pelo PS e a Dra. Lúcia Arruda pelo BE. A Prof. Dra. Cátia Benedetti pela CDU, não esteve presente por motivos de agenda política, mas apresentou-se em video, o qual já não tive oportunidade de assistir.
O pequeno auditório estava praticamente cheio, de estudantes que irão votar (talvez) pela primeira vez e da respectiva "entourage" política de cada partido. De resto o costume neste tipo de coisas, muito tique politico - ver quem está, cumprimentar mais efusivamente ou com um leve acenar de cabeça, muito smartphone com mensagens recebidas oportunamente, muita fotografia, a habitual entrada triunfal do Dr. Mota Amaral desta vez sem o seu sorriso "de mórmon" e por fim muito protocolo bacoco nos discursos iniciais do evento.
O debate começou pelo visionamento da peça jornalística apresentada recentemente no programa Sexta às 9, na RTP. Este programa intitula-se de jornalismo de investigação e tem como apresentadora a jornalista Sandra Felgueiras que nos deu a conhecer o facto do Parlamento Europeu gastar 200 milhões de euros anuais, apenas e só para garantir que haja uma reunião em Estrasburgo durante 4 dias em cada mês. Eu próprio fiquei indignado com os factos apresentados, mas a indignação atenuou de imediato quando dei por mim a pensar na Dra. Fátima Felgueiras, no seu saco azul e na sua fuga para a cidade maravilhosa. O jornalismo de investigação caiu por terra de imediato.
Ontem os candidatos tiveram que opinar sobre esta temática do "double-seat " durante 3 minutos. Todos eles se mostraram contra estes gastos e acrescentaram a componente ecológica, sempre muito apreciada nos dias que correm. Sofia Ribeiro começou por saudar o Dr. Mota Amaral o que provocou em mim uma náusea, a qual tive que controlar para não materializar em jorrante vómito; Manuel Moniz teve uma resposta muito interessante ao comparar este valor ao orçamento global do PE; Paulo Casaca com o traquejo de quem já por lá andou, tocou na essência do problema, mas presumo que os jovens assistentes não tenham percebido; Ricardo Serrão Santos, qual cientista embrenhou-se numa masturbação de palavras que nem mesmo ele talvez tenha percebido o que disse, e Lúcia Arruda... Lúcia Arruda, colocou a cassete e debitou o discurso escrito... lendo-o.
Perante tantos jovens o que ninguém explicou é que esses gastos têm a mesma justificação, que termos nos Açores o Parlamento Regional no Faial e Secretarias Regionais em S. Miguel, Terceira e Horta... é irónico ouvir tantos e ilustres candidatos a falar dos gastos europeus e recusarem-se a comparar com o que ganha um deputado regional em função do que faz e o número de vezes que reúne em plenário; comparar as viagens que membros do governo são obrigados a fazer no arquipélago por imposições mínimas de representatividade, comparar com possíveis duplicações de secretárias, motoristas... são uns despesistas esses europeus. O moderador ainda falou no poder tricéfalo da Universidade, mas os corajosos não quiseram ir por aí.
Quando no alinhamento do evento passou-se para o período de perguntas para os que assistiam, duas mãos se levantaram de imediato. Uma personagem "sui generis" lá para as bandas do Porto Formoso que incomodado não conseguia ouvir o candidato do PS, pelo baixo tom de voz e estar sempre virado para o moderador e a Dra. Zuraida Soares que na sua vez de colocar a tal pergunta, distraidamente, esteve 10 minutos em campanha, valha-nos que tem o discurso decorado. O moderador, nada moderou e teve que ser Manuel Moniz a fazer o reparo.
Na assistência o escárnio e postura displicente reinava em alguns deputados regionais, talvez convictos de estarem ainda em plenário, dos quais destaco mais uma vez a grande democrata Zuraida Soares e o não menos famoso filho do ex-actual-futuro imperador dos Açores.
Os alunos levantaram-se em banda, Manuel Moniz com aquela postura característica de quem está sempre a beber uma Melo Abreu, independentemente do local mais ou menos institucional, ainda esboçou um comentário que o debate era importante para eles, os alunos responderam que tinham a camioneta para apanhar. Por breves momentos tive que me conter, mas passados uns minutos fui-me embora com a certeza de não ter dúvidas. Vou votar em branco!
Concluindo:
- Se os políticos se julgam desrespeitados e pouco reconhecidos a culpa é única e exclusivamente deles, porque não se fazem respeitar e reconhecer, com posturas de reduzido ou nenhum sentido institucional e por vezes de estado.
- O moderador estava mais preocupado em demonstrar os seus conhecimentos e brilhar perante tão eloquente e prestigiosa assistência, que se esqueceu para o que ia.
- Se o PSD e o PS tivessem que ganhar eleições com Sofia Ribeiro e Ricardo Serrão Santos, estariam muito mal servidos. A primeira não aquece nem arrefece (talvez ainda esteja inebriada com a certeza dos próximos 5 anos) e o segundo porque não tem pejo em afirmar em público que tem aprendido muito com o que tem estudado nos últimos dias acerca do Parlamento Europeu.
- Manuel Moniz... é... é... Manuel Moniz, Director de um Jornal de renome na Região e eterno candidato a tudo o que sejam eleições; Paulo Casaca, um verdadeiro bonacheirão em que todos nos revemos como uma boa companhia para ir beber uma Melo Abreu e Lúcia Arruda... Lúcia Arruda lê textos num debate.
Parabéns à Dra. Sofia Ribeiro e ao Prof. Dr. Ricardo Serrão Santos pela eleição. Os restantes açorianos ficam, por cá cheios de inveja, de não poderem estar no centro da Europa, vivendo num nível de vida mais caro, bebendo cervejas intragáveis, deslocarem-se 4 dias em cada mês para Estrasburgo, lerem quilos e quilos de papel impresso... valha-lhes o regresso a casa, todo o fim de semana! Minha santa terrinha!






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