saudades do Harold Pinter...

- Porquê?
- Humm...
- Porquê?
- Porquê?!
- PORQUÊ?
- Porquê o quê?
- Porque é que fazes isso?
- Isso o quê?
- Assim!
- Assim como?
- ASSIM!!!
- Assim...
- Sim!
- Sei lá...
- Lá está!
- Lá está o quê?
- Estás a fazer outra vez.
- O quê?
- Acabei de te dizer!
- Isto?
- Sim.
- Sei lá...
- Então se sabes porque é que perguntas?
- É um tique
- Um tique?
- Sim
- Essa é boa
- O quê?
- Chamar-lhe tique
- Então não é?
- Se tu o dizes...
- Como é que queres que o saiba?
- Se o reconheces é porque sabes do que se trata...
- Sei-o porque tu me dizes sempre.
- Então não tens consciência?
- De quê?
- Que o fazes...
- É claro que não
- Então como é que sabes?
- Já te disse...
- Tu não sabes que o fazes?
- Não...
- Ok... vou acreditar que sim...
- Porquê?
- Porquê o quê?
- Que vais acreditar!
- Porque tenho dificuldade senão o fizer...
- Ahhh...
(...)
- PORRA!!!
- Porra o quê?
- Vais parar com isso?
- O quê?
- Isso!
- Outra vez o tique?
- NÃO!!!
- Então?
- Isso que estás a fazer...
- Mas como é que queres que eu saiba?
- Tem paciência mas isso não é tique!
- Como é que hei-de saber?
- Não pode ser!
- Como podes ter a certeza?
- NÃO PODE SER!!!
- Não posso ter dois tiques?
- Não pode ser... já disse!
- Ahhh... agora és tu que defines o que é ou não tique?
- Não
- Então porque o afirmas?
- Afirmo o quê?
- Que é mais um tique...
- Pára com isso!
- Isso o quê?
- ISSO!!!
- Mas isso o quê?!
- O que estás a fazer.
- O quê?
- Isso!
- Isto?
- Sim...
- Estás a ver!!!
- O quê?
- Também tens...
- Tenho o quê?
- Um tique!
- Isto?
- Sim...
- Isto não é um tique
- Quem o diz?
- Eu
- TU?
- Sim eu!
- Ahhh... pois... já me esquecia?
- De quê?
- Quem define ou não o que é um tique, és tu!
- Não há justiça nessa afirmação!
- Justiça?!
(...)
- Amor... passa-me o açucar se faz favor...
- Qual açucar?
- O a-ç-u-c-a-r!
- É preciso repetir?
- O quê?
- Aos meses que não temos açucar nesta casa!
- Hummm...