06/05/2009

1995

NOÇÃO DE ESPAÇO NUMA ESCOLA DE ARQUITECTURA
Tal como os machos na selva, os alunos de arquitectura demarcam os seus territórios com jactos de urina bem direccionados. Molham os cantos das salas, as pernas dos estiradores e os assentos dos bancos. Cada odor ácido é identificado pelos machos ciosos… Deâmbulam no curso na mais primitiva forma de estar dos animais – a manada – com uma rigorosa hierarquia, que respeitam religiosamente. Esta por sua vez permite o controlo de mais ou menos espaço de sobrevivência numa relação directa com o seu posicionamento Num escalonamento descendente, há os que pela sua importância hierárquica, “mijam” tudo o que é terreno, pois estão no seu direito, até se for preciso o seu animal imediatamente inferior; há os que só têm direito a 30 cm2 de território e limitam-se a encharcá-lo convenientemente; há os outros, que pela sua incontinência vertem tudo pelas pernas abaixo… em vão, pois o sol trata de absorver esses líquidos voláteis e sem odor e por fim há os que pura e simplesmente não têm direito a urinar e todo o seu organismo funciona em ciclo fechado, toda a urina é novamente purificada para depois ser novamente conspurcada e assim sucessivamente Maldita necessidade de conquista de um reles, fragmento de espaço… mal sabem os ferozes animais que a coexistência ainda é possível Alcançado plenamente este estado e como que por metamorfose, ei-los, julgando-se racionais, que se organizam outra vez, agora numa forma não tão primitiva - em tribos - com os respectivos rituais e líderes espirituais, que estas formas organizacionais implicam Neste processo de existência e em conformidade com o espaço batalhado, os nossos animais já não urinam… LAMBEM… Lambem todas a superfícies… ásperas, lisas… tudo… tudo… como que devorando a mais infinitésima partícula do saber, que eles pretendem que sejam eterno Novamente existem aqueles que não lambem e são lambidos, os que só... e por arrastamento… têm que lamber e tudo como parte de um ritual horrendo de adoração aos seus líderes É óbvio que quem não conseguir o seu mísero espaço de oxigenação, para trás ficou e não acompanhou os demais, que por existirem noutro grau de evolução, já não têm que se servir do olfacto para reconhecer a ocupação do território por parte dos coitados rejeitados, pela simples razão, de estes últimos não o invadirem ou por pura e simplesmente serem ignorados por completo Eis quando senão, esta relação termina abruptamente e os nossos evoluídos seres metamorfoseados cortam por força da lei natural da vida, com os emaranhados cordões umbilicais que os ligam entre si numa duradoira orgia e lançam-se numa nova etapa… Aquela em que se esquecem da sua anterior existência e das inerentes fases evolutivas… alcançaram a verdade suprema… tornaram-se entidades endeusadas e caminham no mundo como se fossem rolos compressores, arrastando tudo e todos, que esteja abaixo do seu olhar e como eles medem todos mais de 2.20 metros… pouco resta à sua passagem Eles matam-se e morrem… sérvios e croatas… brancos e pretos… agora estes terríveis seres… SOBREVIVEM… alimentando-se e respirando esta guerra-fria de hipocrisia.

2 comentários:

  1. Anónimo5/07/2009

    Você tem certeza que era uma turma de arquitetura ... não era de urologia?
    As meninas também participavam desse ritual mictórico? Onde e como elas faziam isso? Na frente dos meninos? E "naqueles dias" como elas faziam a demarcação ... o líquido ficava cor de rosa?
    Ou será que o cenário era um laboratório de análises clínicas e a turma toda estava fazendo um simples exame de urina?

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  2. Anónimo5/07/2009

    Querido,
    Estou enviando este comentário para comentar que o comentário anterior foi comentado por mim.
    Sorry.... Esqueci de assinar.
    Da tua fã No. 1 em blogalização (não é globalização), Nadir

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