20/04/2009

ATÉ QUE ENFIM...

... que vão aparecendo alguns sinais de indignação na sociedade, que se tem mantido num estado amorfo deveras preocupante... Farto-me de ouvir música brasileira (raiando a obsessão), música cujas letras são autênticos manifestos sociais... cor da pele, pobreza, drogas, injustiças... e por cá? Com excepção dos interpretes de RAP, é um absoluto silêncio, talvez porque os problemas não sejam suficientemente graves para inspirarem estes "cantautores" ou porque vivem num país diferente do meu Por tudo isto, esta música do Xutos e Pontapés, irá revelar-se como o príncipio do fim, em que nada será como antes Encaro este momento social como um verdadeiro "buraco do ozono", que abriu um pequeno orifício, um pequeníssimo orifício, nesta membrana espessa que nos envolve e que nos mantém estrategicamente amordaçados Aonde é que ela está, não sabemos... quem são eles, nem têm rosto... logo não existe, é pura ficção e demência Dizem os entendidos que uma democracia como a nossa, é ainda muito jovem e que ainda não adquiriu maturidade suficiente... não entendo! Os que lutaram por ela têm hoje 70/80 anos e já não têm forças para irem à casa de banho sozinhos e os que também por lá andaram e que hoje possuem 50/60 anos, são aqueles que sugam e transformam o país, eliminando ou reformulando os seus valores morais e alimentando-se descaradamente e sem medo, no silêncio dos gabinetes, trajando belos fatos de corte europeu Restando aos demais os comprimidos cor de rosa, amarelos... que nos vão mantendo à tona... porque temos casas para pagar; fraldas e leite para comprar; uma progressão prometida... enfim... mas é gente boa... que ainda se dá ao luxo, de quando em vez, de materializar em leis as suas vontades e estratégias Esta gente pensa que pode fazer do país o que bem entender - chamam-lhe legitimidade dada pelo povo - nada mais errado!!! E se a estes juntarmos os outros que os defendem cegamente e que são pagos... para retaliar, ameaçar, prometer, temos a tal membrana viscosa e brutalmente espessa que nos deixa maneatados, contudo com total liberdade de movimentos fisícos "Estão a ver como eles se movem para onde querem" Este é um fenómeno transversal a toda a sociedade e à medida que os anos têm passado não diferenciam credos, sexo e cor de pele... vai tudo a eito! Podemos sempre reclamar, acusar, apontar... mas esbarramos sempre na mesma teia, urdida à luz do dia e por umas mãos delicadas e invisíveis O que este país precisa é mesmo de um GOLPE DE ESTRADO!!!

1 comentário:

  1. Gastão Era Perfeito
    Zeca Afonso


    Gastao era perfeito
    Conduzido por seu dono
    Em sanolências afeito
    As picadas dos mosquitos
    Era Gastao milionário
    Vivia em tapetes raros
    Se lhe viravam as costas
    Chamava logo a polícia
    Em crises de malquerência
    Vinha-lhe o gosto pela soda
    Mas ninguém se abespinhava
    Que enviuvasse às ocultas
    Nem Gastao se apercebia
    De quanto a vida o prendara
    Entre estiletes de prata
    E colchas de seda fina
    Gastao era deste jeito
    Fazia provas reais
    Gastao era um parapeito
    De Papas e Cardeais
    Vinha-lhe só por fastio
    Nos tiquetaques da vida
    Um solene desfastio
    Pela mae que era entrevada

    Mandava bombons recados
    Por mensageiros aflitos
    Nao fora Gastao dos fracos
    E já seria ministro
    Conheci-o em Alverca
    Num bidon de gasolina
    Tinha um pneu às avessas
    Mas de asma é que sofria
    Nos solestícios de Junho
    A quem o quisesse ouvir
    Dizia que era sobrinho
    Do Fernao Peres de Trava
    Querem saber de Gastao?
    Vao ao Palácio da Pena
    Usa agora capachinho
    E gosta de codornizes
    Tem um sinal que o indica
    Como o mais forte Doutor
    Espeta o dedo no queixo
    E diz que é Nosso Senhor

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