28/06/2009

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Deu-se conta que estava a viver a primeira chuva tropical aquela que sempre ouviu falar da boca dos seus pais - o odor activo da terra que lhes entrava pelas narinas adentro, a brutal quantidade de água que a terra ressequida não conseguia absorver de imediato e o retroar dos relâmpagos que se precipitavam para o mar - no entanto algo estranho se passava o realizar do sonho tornara-se algo incómodo... a chuva sempre fora sinónimo de frio e ali estava ele de calções e descalço agarrado a uma garrafa de cerveja num alpendre com uma vista deslumbrante agora demasiado cinzenta Sentia finalmente todas aquelas sensações contudo havia algo dentro dele que o deixavam demasiado intranquilo o silêncio e a imobilidade não era uma opção era uma obrigação... sem computador sem net sem tv sem rádio sem livros... sentia-se sufocado... numa luta com o corpo inerte e pesado ergueu-se e começou a caminhar em direcção ao mar... as gotas grossas da chuva fustigavam-lhe as costas e mergulhou em trambolhão na água estranhamente quente. Retirou a cara de dentro dela quando o corpo exigiu que respirasse... retornou e deitou-se de costas na areia grossa... fechou os olhos e sentiu a humidade enquanto a maré lhe molhava os pés num ritmo descompassado

1 comentário:

  1. precisava de uma maré que me molhasse os pés e a cara, por agora vai ser dificil parece que tenho qq incompatibilidade com a praia...vai passar

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